segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Já ouviu falar em "Maria vai com as outras" ?


Nietzsche, reconhecido filósofo alemão, afirmava que "Correntes fortes arrastam consigo muitas pedras e arbustos; Espíritos fortes, muitas cabeças tolas e confusas” e acredito que no auge da sua soberba e profundo estudo do ser-humano ele estava certo!

Já não me espanto mais na capacidade do ser-humano em não conseguir pensar pela sua própria cabeça e deixar-se levar pela lógica alheia. Incrível como isso acontece tantas vezes durante o nosso dia-a-dia e, sem perceber, muitas vezes não nos damos conta de que estamos sendo "pedra" e "arbusto" nesse mundo.

A sabedoria popular chama "carinhosamente" aqueles que assim se comportam de "Maria vai com as outras". Bom, por que "Maria" eu não seu explicar. Poderia ser "Joana", "Isabel", "Rute", sei la...realmente não consigo pensar em nenhuma explicação óbvia para escolherem "Maria". Mas desde quando a "sabedoria popular" tem que dar satisfação para alguém, não é verdade? Mas o "vai com as outras" é que é o foco do meu pensamento. "Vai com as outras" porque não é capaz de ir por si mesma, porque precisa que alguém a carregue no colo, ou melhor, na cabeça, já que não consegue sustentar a própria opinião ou ideia.

Falta-nos muitas vezes a capacidade de agirmos como autor e ator de nossas vidas. Preferimos, as vezes inconscientemente, ser apenas atores e deixar que outros escrevam aquilo que devemos falar e interpretar. É mais fácil. É mais cômodo. E proporcionalmente mais perigoso. Quando agimos segundo a ideia de alguém corremos um sério risco de não sermos autênticos, de não sermos quem realmente deveríamos ser, e passamos apenas a representar como num teatro de fantoches. E aí eu pergunto: Quando acordarmos, e uma hora isso acaba acontecendo, qual será o resultado? O que significa para um homem ou mulher descobrir que algumas vezes foi usado(a) para dizer ou fazer algo em nome de outrem?

Pense bem nesse momento e responda para você mesmo agora: Cite dois "Espíritos fortes" na sua vida. Dois nomes que para você fazem a diferença. E o Espírito aqui tratam-se de pessoas (só para esclarecer, afinal estamos falando de Nietzsche)  que estão bem próximas de você. Será que em algum momento você se deixou influenciar e acabou deixando de lado uma ideia, ou pior, abraçando uma ideia, por causa desse "Espírito forte"? Em algum momento você foi "pedra" ou "arbusto" por causa de algum desses nomes que você citou? Pense bem.

É importante ouvir a opinião de outras pessoas, principalmente se elas podem ajudar com suas experiências e podem evitar que cometamos erros grosseiros, mas, em momento algum, devemos deixar de avaliar se quem está dando a opinião está falando em causa própria ou não. Parece estranho isso, mas não é. Legislar em causa própria é típico do ser-humano e quem melhor para escolher fazer isso do que com aqueles que não conseguem "sustentar sentado aquilo que falaram de pé"?!

John Dryden, um poeta do século XVII, dizia que o "Arrependimento é a virtude das mentes fracas". Portanto fica a dica aqui: Se você anda se arrependendo muito daquilo que fala ou faz, talvez você devesse procurar se afastar de "Espíritos fortes", pois eles estão te arrastando por caminhos que não são os seus.


André Torrieri

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